domingo, 31 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Mendes
Sam


The Beauty Stylish

Marcos: Realizador e encenador, Sam Mendes reparte o seu trabalho igualmente pelas duas artes. Acima de tudo, os filmes de Mendes são filmes de ideias, onde prevalece constantemente uma - a família e as relações entre os seus membros. Outra das suas características é a beleza conceptual das imagens, independentemente do tópico abordado ou do enredo.

O que gosto: O humor que ele consegue sacar do meio da mais profunda tragédia, é desconcertante e muito, muito british, indeed. Os filmes de Mendes são estilisticamente perfeitos e imperfeitos do ponto de vista do conteúdo, no sentido de que têm prazer em desconstruir o aparente mundo perfeito de onde partem, e é esse paroxismo que me atrai. 

O que não gosto: Acho que ainda tem muito que aprender, mas está no bom caminho.

Os Filmes de Referência: American Beauty, Road to Perdition, Jarhead, Revolutionary Road, Skyfall

Os meus Preferidos: American Beauty, Road to Perdition, Revolutionary Road, Jarhead

Alguns planos do mestre:




"I wanted to keep exploring...

I'm not about to choose a series of movies in 

which I can use the same bag of tricks and 

style that I used in the first film."

sábado, 30 de março de 2013

PALAVRAS ESTÚPIDAS 166

ESTOU APAIXONADA!

Foram muitos os que,




ao longo dos anos,



neste mesmo blog,





tentaram suplantar,




de diversos modos,



o grande, o incontornável, o único, o ultimate Russel Crowe.





Nenhum conseguiu.

Até agora.

Tenho a honra de apresentar aquele que destronou de uma vez por todas o inimitável, o insuperável, o Deus Russel Crowe.



Chama-se Mads Mikkelsen e apresenta diversas características que o elevaram automaticamente ao primeiro lugar nas minhas preferências, a saber:
1. É atraente, sem ser demasiado bonito
2. É muito melhor actor do que o Russel Crowe
3. Fala uma língua bastante mais sexy do que o australiano (todas as línguas são mais sexys do que o australiano) - dinamarquês
4. Tem um lado profundo, understated, muito interessante
5. É capaz de milagres de que Russel Crowe nunca foi capaz, nomeadamente os dois últimos filmes que protagoniza - A Royal Affair e The Hunt.
6. Não está gordo, ainda
7. Não foi, ainda, estragado pelo sistema Hollywoodiano que costuma devorar o talento de uma pessoa na exacta proporção do sucesso que lhe confere
8. Não consta que cante
9. É sexy!
10. Como se isto tudo não fosse mais do que suficiente, oh céus! vai ser o próximo Hannibal Lecter na série de televisão que se anuncia para breve.
Não é possível pedir mais do que isto. Estou em êxtase.

I'm mad about Mads ;) Tenho dito

Sorry, Russel, baby, mas é a vida. Continuarás sempre no meu coração, mas o meu coração já não te pertence.

sexta-feira, 29 de março de 2013

OS CIENASTAS DE ANDRÓMEDA

Martin
Scorsese


The Perfect Framer

Marcos: Para além do excelente realizador que é, Scorsese é também um historiador de Cinema, o que lhe permite ter um conhecimento absoluto da arte que pratica, algo que se revela em todos os seus filmes. Os seus temas preferidos são a identidade italo-americana, os conceitos de culpa e redenção do Catolicismo Romano, o machismo, o crime moderno e a violência. Como Hitchcoch, costuma fazer cameos nos seus próprios filmes.

O que gosto: O seu amor pelo Cinema e os seus conhecimentos enciclopédicos. Scorsese é exímio com a câmara e com aquilo que inclui ou não num plano, conseguindo comover-me apenas através dos seus movimentos de câmara. Os seus enquadramentos são magistrais. Aquilo que ele consegue dizer e expressar com um único plano é único. A sua capacidade de penetrar o espectador de forma intensa, profunda e irreversível. É um dos realizadores da cidade que mais amo neste planeta - Nova Iorque.

O que não gosto: Não gosto mesmo nada de Goodfellas. Não gosto da sua paixão por Leonardo DiCaprio, que se tornou o seu actor fétiche depois de De Niro. DiCaprio é um excelente actor, mas aquela carinha de puto estraga a autenticidade de muitos personagens.

Os Filmes de Referência: Mean Streets, Raging Bull, Taxi Driver, New York, New York, The King of Comedy, Alice doesn't live here anymore, After Hours, The Color of Money, The Last Temptation of Christ, Goodfellas, Cape Fear, Casino, Cundun, The Age of Innocence, Gangs of New York, The Departed, Hugo

Os meus Preferidos: Raging Bull, Taxi Driver, The King of Comedy, Alice doesn't live here anymore, After Hours, The color of Money, New York Stories, The Age of Innocence, Gangs of New York, The Departed, Shine a Light

Alguns planos do mestre:





"Cinema is a matter of what's in the frame 

and what's out."

quinta-feira, 28 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Lean
David


The Epic Master

Marcos: Os grandes épicos são a sua imagem de marca, tendo sido considerado o 9º melhor realizador de sempre pelo British Film Institute em 2002 e 4 dos seus filmes estão entre os 11 primeiros da lista dos 100 melhores filmes da mesma instituição. Os seus filmes costumam ser admirados pelo facto de exporem de forma detalhada e aprofundada as capacidades artísticas de um realizador. Realizadores como Spielberg, Scorsese, George Lucas ou mesmo Kubrik referem-no como uma enorme influência.

O que gosto: Lean é o mestre dos grandes espaços, das grandes paisagens, dos ambientes históricos que servem de pano de fundo às suas personagens. A cor nos seus filmes é utilizada de forma sublime, tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista da relação que estabelece entre os diversos pontos do enredo. A Filha de Ryan é quase um manual enciclopédico de como a cor pode ser usada em cinema para conferir simbolismo ao enredo. A poesia das emoções que transbordam sempre das personagens para o cenário ou vice-versa. Nos filmes de Lean a paisagem não é só paisagem, é mais uma personagem crucial.

O que não gosto: Nada. Nem sequer existem os costumeiros "happy endings" enjoativos.

Os Filmes de Referência: Great Expectations, Oliver Twist, The Bridge on the River Kwai, Lawrence of Arabia, Doctor Zhivago, Ryan's Daughter, A Passage to India

Os meus Preferidos: The Bridge on the River Kwai, Lawrence of Arabia, Ryan's Daughter

Alguns planos do mestre:



"I think people remember pictures, not 

dialogue. That's why I like pictures."

quarta-feira, 27 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Lynch
David



The Fabulous Mind Player

Marcos: Conhecido pelos seus filmes surrealistas, Lynch desenvolveu um estilo cinematográfico muito próprio, denominado "Linchiano",~caracterizado pelo seu imaginário onírico e o design musical meticuloso. Os elementos surreais, por vezes violentos, são conhecidos por "perturbarem, ofenderem ou mistificarem" o público. Foi descrito como o mais importante cineasta da sua era e o renascentista da cinematografia americana moderna. Ao mesmo tempo o seu sucesso comercial classifica-o como o primeiro surrealista popular. Os seus filmes estão tão carregados de temas recorrentes, motivos, personagens recorrentes, imagens, composições e técnicas, que podem ser vistos como autênticos puzzles de ideias: imaginário onírico, realismo mágico, máquinas industriais, violência social escondida, deformidade, fogo, luzes, palcos onde uma cantora solitária se apresenta, o imaginário da cultura ameircana dos anos 50. Outra das suas características é o uso de personagens femininas com personalidades múltiplas ou fracturadas. Lynch afirmou, sobre o uso dos sonhos: "Waking dreams are the ones that are important, the ones that come when I'm quietly sitting in a chair, letting my mind wander. When you sleep, you don't control your dream. I like to dive into a dream world that I've made or discovered; a world I choose… [You can't really get others to experience it, but] right there is the power of cinema."

O que gosto: O surrealismo brutal. A comicidade. O horror. A brutalidade estilizada. O desespero. A beleza. O glamour. A inteligência impressionante. O entrelaçar de horror e de maravilhoso, por vezes na mesma cena, pessoa, objecto. Os labirínticos jogos mentais a que nos obriga, e que nos deixam estenuados, a abanar a cabeça, a pensar "mas como é que este filho da mãe construiu este enredo?". A sua própria personalidade é deliciosa. O seu aspecto físico, o seu cabelo, a sua forma de falar, a sua forma de vestir, e a maneira compulsiva como fuma não dão a bota com a perdigota e é isso que o torna único - Lynch parece um cavalheiro, mas depois é capaz de proferir a maior barbaridade enquanto descreve alguma coisa. A forma tão clara como se entende a América quando se vê um filme dele - que aquilo é uma mistela de gente completamente distinta, que se mantém "colada" à mesma bandeira não imaginamos como (eu sei como, mas não foi o Lynch quem me mostrou isso). Não há um único filme de Lynch que seja razoável ou apenas bom. São todos para cima de Muito Bom.

O que não gosto: Que nunca haja uma explicação. Gosto de explicações. Mas, talvez se houvesse explicação, Lynch perdesse toda a piada. Ao contrário de Kubrik, por exemplo, Lynch é complexo mas pode ser visto em qualquer dia. Se Kubrik é o Dostoievski do Cinema, então Lynch será o Joyce do Cinema, no sentido de que apesar de podermos não entender tudo à primeira, nem à segunda, nem à centésima, nem à milésima, a viagem, mesmo assim, continua sempre a dar prazer, mesmo se for feita todos os dias.

Os Filmes de Referência: The Elephant Man, Dune, Blue Velvet, Wild at Heart, Twin Peaks, Mulholand Drive

Os meus Preferidos: The Elephant Man, Blue Velvet, Wild at Heart, Twin Peaks (série), The Straight Story, Mulholand Drive, Inland Empire

Alguns planos do mestre:




"This whole world is wild at heart
and weird on top."

terça-feira, 26 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Kubrik
Stanley



The Absolute Genius

Marcos: Considerado um dos maiores cineastas de todos os tempos, os seus filmes costumam ser adaptações de livros ou contos e são caracteristicamente obras com uma cinematografia única e deslumbrante, atenção aos mínimos detalhes para a obtenção do mais puro realismo e a utilização de bandas sonoras cuidadas. Cobriu uma série de géneros tão díspares como a guerra, o crime, comédias românticas e negras, o horror, o épico e a ficção científica. Era conhecido por ser um perfeccionista, tanto na encenação como no seu trabalho muito próximo com os actores. O seu amor pela fotografia foi o ponto de partida para a sua carreira cinematográfica e para o cuidado que punha em todos os aspectos da imagem. A maioria dos seus filmes foram marcos inovadores no cinema, como 2001-Odisseia no Espaço (para a ficção científica), Barry Lyndon (na utilização de lentes desenvolvidas para a NASA para filmar luz de velas natural), The Shining (primeira utilização de uma Steadicam para filmar planos de tracking). Muitos dos seus filmes foram controversos na altura da sua distribuição, tendo sido posteriormente considerados obras-primas.

O que gosto: O puro génio absoluto. Todos os seus filmes são marcos de alguma coisa. A beleza e cuidado das imagens, que são como quadros autênticos. A singularidade dos ambientes e das personagens. A gama variada de géneros. Kubrik nunca fez nenhum filme suficiente ou sequer razoável ou mesmo só bom. São todos sempre para cima de Muito Bom.

O que não gosto: A complexidade que impera em todos os seus filmes exige muito do espectador. Kubrik não é para qualquer dia. Ele é uma espécie de Dostoievski do Cinema. Mas, como um verdadeiro mestre, Kubrik mostra-nos sempre aquilo que deveríamos saber - que o mundo não é um sítio nada fácil, simples ou bonito.

Os Filmes de Referência: Lolita, Dr. Strangelove, 2001-Odisseia no Espaço, Laranja Mecânica, The Shining, Full Metal Jacket, Eyes Wide Shut

Os meus Preferidos: Lolita, Dr. Strangelove, 2001, Laranja Mecânica, The Shining, Full Metal Jacket

Alguns planos do mestre:


"If it can be written, or thought,
it can be filmed."

segunda-feira, 25 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Kitano
Takeshi



The Poet of Violence

Marcos: Realizador, comediante, actor, pintor, argumentista, cantor, editor e poeta, Takeshi é o verdadeiro homem dos sete ofícios. A sua obra idiossincrática já lhe valeu a honra de ser considerado o verdadeiro sucessor de Kurosawa do Cinema moderno japonês. Os seus filmes começaram por retratar sobretudo o sub-mundo dos yakuzas ou a polícia, com uma filosofia niilista, humor, violência e afecto, misturando estes ingredientes de forma paradoxal e controversa. Takeshi é também conhecido por filmar tudo ao primeiro take pois acha que esse será sempre a melhor performance dos seus actores e de ser rapidíssimo a trabalhar.  O mar é também uma imagem de marca, e aparece sempre como o repouso, como o intervalo, como o suspiro entre batalhas, como o respirar calmo e suave no meio de toda a violência da vida.

O que gosto: A secura das suas histórias e dos seus personagens, misturada com uma violência poética que chega a aproximar-se daquilo que posso descrever como uma espécie de poesia cosmopolita, nua e crua e enchuta, errática, brutal e ao mesmo tempo filosófica, como se fosse dolorosamente esculpida a granito e tijolo na vida do dia-a-dia dos seus personagens e das ruas por onde estes deambulam. Gosto do rosto de Takeshi, duro e aparentemente vazio, mas adivinhando-se a esconder maremotos de emoções.

O que não gosto: Por vezes a violência pode ser demasiada.

Os Filmes de Referência: Fireworks, Sonatina, Violent Cop, Brother

Os meus Preferidos: Violent Cop, Brother

Alguns planos do mestre:



"To show violence 
realistically, you need stamina.
It's not easy."

domingo, 24 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Jackson
Peter

 

The Fantasy Addict

Marcos: A Trilogia do Senhor dos Anéis ganhou-lhe um lugar eterno no panteão dos grandes, quanto mais não seja porque toda a gente dizia ser impossível adaptar a obra. Jackson achou que era possível e provou-o. A sua atenção aos detalhes é uma imagem de marca, bem como o hábito de filmar a mesma cena de vários ângulos, um sentido de humor macabro e o tom divertido em geral. É conhecido por perder às vezes dias com uma única cena, mesmo que seja muito simples. Uma das suas imagens de marca são os grandes-planos dos actores com lentes de grande angular.

O que gosto: Jackson e a sua paixão quase infantil pel' O Senhor dos Anéis resultaram numa adaptação brilhante da obra de Tolkien. Não fiquei nada desapontada, embora tenha quase a certeza que Tolkien, como muitos dos seus mais aguerridos fãs, não adoraria a coisa. A sua coragem e a sua loucura divertem-me e fico-lhe eternamente grata como espectadora por ter criado um dos últimos grandes épicos do cinema, daqueles que ainda dá gosto ver num écran a sério. Entre muitas outras cenas desulmbrantes, destaco duas: a cena da morte de Boromir é empolgante, poética e comovente e a melhor morte cinematográfica de todos os tempos (também por grande mérito de Sean Bean), e a cena em que vemos pela primeira vez as estátuas dos Argonautas, imponentes, esmagadoras, fabulosas.

O que não gosto: Não gosto de Legolas por Orlando Bloom (misericórdia ....). Não gosto daquele stunt tipo surf que ele põe Legolas a fazer no Two Towers. É piroso, mas percebo, dada a neo-zelandice do senhor. Não sou fã incondicional de Aragorn por Vigo Mortensen (apesar do homem ser de fazer escorrer baba pelo queixo), se bem que tenha aprendido a apreciar as nuances que ele lhe dá, ao longo do tempo. A música da Enya também se dispensava, oh Peter. Em geral, penso que muita coisa poderia ter um tom bem mais adulto do que tem, mas ... se lermos Tolkien também chegamos à conclusão que essa é uma das falhas do senhor.

Os Filmes de Referência: Trilogia Senhor dos Anéis, King Kong, Trilogia O Hobbit

Os meus Preferidos: Trilogia Senhor dos Anéis

Alguns planos do mestre:




"The most honest form of filmmaking is
to make a film for yourself."

sábado, 23 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Irmãos
Coen


The Cool Weirdos 

Marcos: Combinando excentricidade estudada, humor seco, ironia e por vezes violência brutal, os seus filmes tornaram-se sinónimo de um estilo cinéfilo que presta homenagem aos géneros americanos clássicos - especialmente o film noir - mas com uma abordagem pós-moderna.

O que gosto: O humor misturado com a violência e com a excentricidade criam um estilo único, de culto. Um filme dos irmãos Coen é sempre reconhecido a léguas, desde os primeiros créditos, formal e visualmente. Em Raising Arizona (descobri agora que o filme era deles) há uma cena absurda em que Nicholas Cage coloca uma meia na cabeça para se transformar em ladrão, que me põe a rir convulsivamente até às lágrimas durante horas.

O que não gosto: Por vezes o disparate é tanto que não podemos obviamente manter-nos dentro da ilusão, but who cares anyway?

Os Filmes de Referência: Barton Frink, Fargo, The Big Lebowski, O Brother Where Art Thou?, No Country for Old Men


Os meus Preferidos: Raising Arizona, Barton Fink, Fargo, No Country for Old Men

Alguns planos dos mestres:


 
"It's almost like a genre rule:
Don't Open The Box."

sexta-feira, 22 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Hal
Hartley



The Quirky Philosopher

Marcos: Figura-chave do movimento de cinema independente norte-americano das décadas de 80 e 90, Hartley é exímio em humor inexpressivo e personagens "out of the box" que costumam passar a vida a recitar tiradas filosóficas. Dilacera as convenções da narrativa e do desenvolvimento de personagens para criar o seu minimalismo, que é uma imagem de marca. Bebendo d efeito de distanciamento Brechtiano, Hartley força a audiência a ter consciência de que está a ver um filme, desafiando as convenções do cinema comercial de falso realismo e da "criação de ilusão". Os seus diálogos são filosóficos, literários ou simplesmente ultrajantes, criando uma obra de culto.

O que gosto: Tudo o acima referido. As suas personagens, situações e relações são sempre super interessantes e deleitosas de observar. O humor subtil e sério - sempre dito como se as personagens não fizessem ideia nenhuma do efeito que provocam, porque aquilo que estão a dizer é a mais pura das verdades. As personagens de Hartley dizem aquilo que nós sentimos mas que a maioria das vezes não saeríamos nunca expressar até ouvi-las dizer precisamente aquilo em que acreditamos. É tão bom mergulhar nestes mundos.

O que não gosto: É pena que o mundo não seja nunca como "os mundos" de Hartley.

Os Filmes de Referência: The Unbelievable Truth, Trust, Simple Men, Henry Fool
Os meus Preferidos: The Unbelieavable Truth, Trust, Henry Fool

Alguns planos do mestre:


"Enjoy? (my movies) No, they (the audience) have to work. Anything worthwhile necessitates work."

quinta-feira, 21 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Giuseppe
Tornatore



The Cinema Lover

Marcos: O seu maior sucesso foi Nuovo Cinema Paradiso, um filme que narra a vida de um realizador de sucesso que regressa à sua terra natal na Sicília para o funeral do seu mentor.

O que gosto: O filme vale uma carreira inteira. É uma ode a todos aqueles que amam o cinema e é uma ode aos espectadores de cinema. O pequeno Toto é a coisa mais mimosa de que há memória. Os habitantes da aldeia que vivem fascinados por Cinema são deliciosos. O velho Alfredo é sublime. E a relação entre aquele menino e aquele velho é a coisa mais doce e tocante do mundo.

O que não gosto: Que Tornatore nunca tenha repetido a dose, mas era difícil.

Os Filmes de Referência: Nuovo Cinema Paradiso

Os meus Preferidos: Nuovo Cinema Paradiso

Alguns planos do mestre:




"Life isn't like in the movies.
Life... is much harder."

(Alfredo - Nuovo Cinema Paradiso)

quarta-feira, 20 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

George
Lucas


The Modern Mithologist

Marcos: O criador da saga e da mitologia Star Wars e do arqueologista-aventureiro Indiana Jones. É um dos mais financeiramente bem sucedidos realizadores americanos. As suas técnicas inovadoras nas filmagens de Star Wars nos anos 70 abriram o caminho para gerações de realizadores em géneros variadíssimos. A empresa que criou "Industrial Light and Magic " foi pioneira numa série de técnicas de efeitos especiais que mudaram o cinema de animação e de outros géneros na segunda metade do século XX.

O que gosto: O puro lado fantástico e mitológico da sua obra, é verdadeiramente notável. Lucas apenas realizou 3 filmes na sua carreira, e esteve 21 anos sem realizar. Mas a influência que teve na cultura norte-americana e mundial é inquestionável. Lucas criou uma mitologia para a geração do século XX que nasceu nos anos 70 e marcou profundamente todo o panorama dos efeitos especiais e do cinema de fantasia e de ficção científica. As personagens de Star Wars estão nas minhas veias desde os 5 anos. O mundo seria definitivamente muito mais pobre sem o som e a imagem inconfundíveis de um sabre de luz. May the force be with you.  

O que não gosto: Lucas não é um realizador de actores e, das duas uma, ou se é bom actor e se consegue trabalhar sem direcção ou, se se é mau, fica-se completamente à deriva, como é o caso, por exemplo, do jovem Darth Vader protagonizado pelo péssimo Hayden Christensen. 

Os Filmes de Referência: Star Wars, Indiana Jones, American Graffitti

Os meus Preferidos: Star Wars, Indiana Jones

Alguns planos do mestre:



"Learning to make films is very easy.

Learning what to make films about

is very  hard."

terça-feira, 19 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Federico
Fellini



The Circus Magician

Marcos: O seu estilo muito distinto mistura a fantasia com o barroco. Após um período de neorealismo na década de 50, Fellini tomou conhecimento da obra de Jung, que viria a influenciá-lo enormemente, sendo responsável pela sua maturidade cinéfila e um estilo sobretudo onírico que marcou as suas obras mais importantes - anima e animus, o papel dos arquétipos e o inconsciente colectivo. Visões muito pessoais e idiossincráticas da sociedade, os seus filmes são uma combinação única de memória, sonhos, fantasia e desejo. A sua influência sobre outros grandes cineastas é notória, sendo citado por realizadores como Tim Burton, Terry Gilliam, Emir Kusturica e David Lynch. O adjectivo "felliniano" é sínónimo de qualquer tipo de imagem extravagante ou mesmo barroca no cinema ou na arte em geral.

O que gosto: O lado lúdico, onírico e extravagante dos seus filmes. O lado puro, ingénuo e quase até infantil. Descobri que para assistir a um filme de Fellini tenho de voltar a ter olhos de criança, e tudo fica então mais claro.

O que não gosto: Por outro lado, muitas vezes não se percebe bem o que raio é que se está a passar à nossa frente. É a realidade? É um sonho? São os pensamentos da personagem? É o realizador a falar connosco directamente? What? .... Mas para ver um filme de Fellini é preciso deixar de pensar e sentir.

Os Filmes de Referência: La Strada, Oito e Meio, La Dolce Vita, Satyricon, Amarcord

Os meus Preferidos: La Dolce Vita, Fred e Ginger, Oito e Meio

O mestre em plena acção:





"Realism is a bad word. In a sense 

everything is realistic.

I see no line between the imaginary

and the real."

segunda-feira, 18 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Elia
Kazan



The Poetic Realist

Marcos: Introduziu uma nova geração de jovens actores às audiências, incluindo Brando e Dean. Dirigiu 21 actores a nomeações para os Oscars, resultando em 9 vitórias. Foi também um encenador teatral de sucesso. Os seus temas preferidos eram sociais ou pessoais, tais como anti-semitismo, racismo, corrupção sindical ou violência conjugal. Os seus filmes mostram habitualmente uma personagem que luta contra o destino ou o poder, contra todas as probabilidades. Kubrik proclamou-o "o melhor realizador norte-americano e capaz de milagres com os actores que utiliza."

O que gosto: É o autor daquele que eu considero o melhor filme jamais realizado - Há Lodo no Cais. É o realizador de três filmes protagonizados por aquele que eu considero o maior actor de todos os tempos - Marlon Brando: Um Eléctrico Chamado Desejo, Há Lodo no Cais e Viva Zapatta! O seu trabalho com os actores é sempre primoroso, conseguindo arrancar-lhes performances magistrais. Os temas abordados são sempre provocadores para a época e socialmente interessantes. Os filmes de Kazan apresentam uma mistura muito forte de masculinidade e feminilidade, talvez porque o próprio fosse assim mesmo - um homem forte e másculo, capaz dos maiores afectos.

O que não gosto: Não gosto do que sofreu por ter chibado amigos durante a era de MacCarthy nos EUA. Não merecia. Foi banido durante anos por fazer aquilo que ele achava que estava correcto - responder a verdade quando lha perguntaram.

Os Filmes de Referência: Há Lodo no Cais, A Leste do Paraíso, Um Eléctrico Chamado Desejo, Gentleman's Agreement, Esplendor na Relva

Os meus Preferidos: Há Lodo no Cais, Um Eléctrico Chamado Desejo, A Leste do Paraíso, Wild River

Alguns planos do mestre:





"I like directors who come on the set and create 

something that's a little dangerous, difficult or unusual."

domingo, 17 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

David
Cronenberg



The Extreme Provocateur

Marcos: Um dos principais criadores do género designado por "body horror" ou horror físico - que explora o medo humano relativamente a transformações físicas ou infecções. Nos seus filmes o psicológico encontra-se habitualmente relacionado com o físico. Na primeira metade da sua carreira, Cronenberg explorou estes temas geralmente através de filmes de ficção científica ou de terror, mas nos últimos anos tem alargado as fronteiras para géneros mais ecléticos.

O que gosto: A sensação de inquietação quase física que nos percorre quando assistimos a um filme de Cronenberg. Os temas e imagens estranhos, "out of the box", que nos fazem repensar o mundo a partir de coordenadas não habituais, obrigando-nos a reflectir sobre conceitos antigos através de novas perspectivas.

O que não gosto: Por vezes o horror torna-se demasiado "in your face". Exemplo: não é nada agradável olhar com atenção para os últimos estadios da transformação de Jeff Goldblum em mosca.

Os Filmes de Referência: The Fly, Dead Ringers, Naked Lunch, M. Butterfly, Crash, ExistenZ, Cosmopolis

Os meus Preferidos: The Fly, Dead Ringers, M. Butterfly, Eastern Promises

Alguns planos do mestre:




"For me, the first fact of human existence is the human 

body. But if you embrace the reality of the human body, 

you embrace mortality, and that is a very difficult thing 

for anything to do because the self-conscious mind cannot 

imagine non-existence. It's impossible to do."

sábado, 16 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

David
Fincher


The Dark Stylish

Marcos: Thrillers negros e estilizados. Em geral Fincher escolhe temas que colocam o espectador num terreno de quase insuperável desespero e desilusão perante o mundo. Utiliza o medo como motivação para as personagens, conteúdo ultra-violento e ângulos de câmara baixos ou muito abertos que reforçam o tom de inquietação das suas histórias. Fincher é sobretudo aclamado pelo seu uso "invisível" de efeitos especiais, isto é, de forma a reforçar o tom mas sem serem tão óbvios que estraguem a experiência do espectador.

O que gosto: O lado negro, quase desesperante, que faz com que não haja qualquer espécie de esperança. É um contraponto "refrescante" aos costumeiros happy endings da maioria dos filmes. 

O que não gosto: Por outro lado, e como não sou masoquista, não é uma experiência que goste de repetir muitas vezes. Sai-se de um filme de Fincher a pensar que a humanidade não tem salvação, o que é verdade, mas quem é que gosta de se lembrar disso?

Os Filmes de Referência: Seven, Fight Club, Panic Room, Zodiac, The Social Network

Os meus Preferidos: Seven, Fight Club, Alien 3

Alguns planos do mestre:





"In film, we sculpt time,
we sculpt behaviour
and we sculpt light."

sexta-feira, 15 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Clint
Eastwood



The Sensible Shooter

Marcos: É um dos poucos actores norte-americanos bem sucedidos e iconográficos a ter-se transformado também num realizador aclamado pela crítica e público. Já dirigiu mais de 30 filmes, em géneros tão diferentes como o western, acção e drama. Para evitar uma das características que menos aturava em realizadores durante a sua carreira de actor, reduz consideravelmente o tempo de filmagens e respeita o orçamento, preferindo cenas filmadas ao primeiro take, sem ensaios. Tal como os personagens que encarnou enquanto actor, não se preocupa com pormenores das suas vidas que não tenham influência directa nas cenas, não querendo insultar a inteligência do espectador com demasiados detalhes. Como referiu a revista Life, parodiando uma das suas personagens mais emblemáticas, o seu estilo é o de "Shoot first and act afterward" (Filmar=disparar, numa alusão ao personagem Dirty Harry que atirava (com a pistola) e fazia perguntas depois). Os seus filmes têm um ritmo extraordinário, sem pressas, fornecendo uma sensação de tempo real que é indiferente à velocidade da narrativa. Explora frequentemente temas com perspectivas éticas e teológicas, incluindo a sua representação de justiça, misericórdia, suicídio e morte.

O que gosto: Eastwood consegue comover sem exagerar e é de uma sensibilidade notável para homem tão, aparentemente, duro e frio (ou sempre assim o julgámos pela incrível osmose entre ele e as personagens que representou durante a sua fase de cowboy e polícia iconográfico). Os temas são sempre tratados com um cuidado de quem mexe em porcelana. Gosto da quase "biografia" que ele imprime sempre em tudo, como se estivéssemos sempre a ver algo que já aconteceu na realidade. Não é por acaso, aliás, que na sua filmografia se contam 7 biografias. Os seus personagens são sempre pessoas comuns que realizam feitos extraordinários. Todos os actores que com ele trabalham deveriam estar-lhe profunda e eternamente gratos, pois ele oferece-lhes sempre um estado de graça maravilhoso. O seu amor pelo jazz, que compartilho.

O que não gosto: Acho que nos últimos filmes dirigidos por si em que também entra, é notória a sua cada vez maior osmose consigo próprio. Já não é uma personagem, mas o Clint Eastwood que ali está. E se dantes isso conseguia ser ludibriado com alguma elegância, actualmente acho que já maça um bocado.

Os Filmes de Referência: Bird, Imperdoável, As Pontes de Madison County, Mystic River, Million Dollar Baby

Os meus Preferidos: Bird, Mystic River, A Perfect World, Million Dollar Baby

Alguns planos do mestre:




"There's a rebel lying deep in my soul. Anytime anybody tells me the trend is such and such, I go the opposite direction. I hate the idea of trends. I hate imitation; I have a reverence for individuality."